SOLIDÃO E PECADO - PECADO E SOLIDÃO (INFERNO DE DANTE)
- Pascom São Francisco
- 16 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de mar. de 2020

Amamos o pecador ao mesmo que odiamos o pecado. Isso é a naturalidade da
constatação de que não somos idênticos ao que praticamos. Por mais abjeto
que sejamos em nossas escolhas, por mais desprezível que sejam as nossas
atitudes, por mais que sejamos mal vistos, por mais que erremos, ainda que
intencionalmente; sempre haverá alguém que nos amará por não relacionar os
atos ao que se é....nem nunca seremos sozinhos...
A solidão é uma realidade de fato, conquanto, ela não é total.
Sim, ela é presente, mas não perene. Imagina-se a solidão ao não se estar
com quem se quer. Entretanto, mesmo pensando que se está só, alguém está
conosco em pensamentos e anseios. Todos somos amados nas variáveis das
situações conceituais... Ninguém é realmente sozinho, ninguém conhece a
solidão na sua profundidade mórbida.
Um grande homem, o maior que a humanidade já conheceu, sentiu o pecado,
sentiu a solidão. Ainda assim amou-nos pelo que somos e não pelo que
praticamos.
Ele sentiu a dor das duas situações. O pecado nosso, conhecido por sua alma,
era amargo e, não com repulsa, mas pela tristeza do gosto ruim, ele pediu ao
Pai que lhe afastasse aquela taça. A solidão trespassou-lhe com a mesma
agonia que a lança do centurião em seus momentos derradeiros quando não
mais suportando, gritou ao Pai pelo abandono: Eli, Eli, lama sabachthani (Mt
27, 46).
Sua alma serena, até mesmo na tristeza lancinante foi saciada com a
confirmação da fé tida em nós na forma de um pedido para estar com Ele feito
por um pecador. A solidão foi aplacada. O pecado foi redimido.
O vazio de existência que temos pelo desconhecimento da conceituação de fé
faz-nos crer, apesar do natural sacrifício em forma de remissão, na
sobrenaturalidade da salvação. Erro repetido por aquilo que os homens dizem
a respeito de Deus e que conhecemos por religião, disseminada em múltiplas
formas, em variadas crenças; todas tidas como verdadeiras.
Mas são solitárias estas definições de Deus.
O pecado é condicionante à solidão. A solidão é própria da condenação.
O vácuo da nossa ignorância é procurar a premiação da salvação eterna no
doutrinamento imposto por catecismos que nos tolhem a liberdade da prática
de sermos espontaneamente o que somos: existidos com a imagem,
semelhança e erros que podem ser reconhecidos, arrependidos e remidos por
nós mesmos.
Nascemos naturalmente bons, podemos voltar a sermos bons sem que
necessariamente o medo do inferno nos leve a isso.
Por: Paulo Roberlando
Em: Notas DE Cruz
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